Para Marielle Franco: Não uma a menos

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Recebenos  com dor, raiva e consternação a notícia da morte no Rio de Janeiro de Marielle Franco, 38 anos,  militante feminista lésbica negra do PSOL. Quinta vereadora eleita com mais  de 46 mil votos nas eleiçoes de 2016 no Rio de Janeiro, Marielle nasceu na Maré, e por isso gostava de definir-se ‘cria da Maré’.

Ativista feminista, lésbica, negra, sempre a frente na defesa dos direitos humanos nas faveals, contra o estermínio da população negra e pobre, Marielle morreu numa verdadeira execução atingida por diversos tiros na cabeça que foram disparados de um carro que se aproximou ao carro em que ela estava viajando. Junto com ela morreu também o motorista e foi atingida a sua assessora  sem ferimentos graves. Marielle estava voltando de uma roda de conversa de feministas negras onde ela tinha defendido as políticas de inclusão escolar para  a populaçao negra e pobre, lembrando como ela própria tinha conseguido fazer a Faculdade graças a estas.

Nas últimas semanas Marielle tinha denunciado o aumento da violência e da brutalidade das ações da polícia, em particular em Acari, por meio do 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro. O dia anterior ao seu assasinato escreveu mensagem em seu Twitter, “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.

Este homicídio, perpetrado poucos dias depois da greve geral e mundial das mulheres do 8 de março, é um sinal da forte repressão  que está ocorrendo no Brasil, contra quem, como Marielle, mulher, negra e feminista, criticava abertamente o Presidente Temer e o governo do Estado do Rio de Janeiro por suas políticas repressivas contra as popolaçoes mais pobres, e particularmente contra os negros e as mulheres.

O Presidente Temer decidiu no começo do ano enviar o exército para o Rio de Janeiro com o objetivo de controlar a cidade e garantir a segurança, para conter o que foi apresentado como uma escalda da violência, em particular da violência de gênero. No Brasil, segundo  dados da Organizaçao Mundial da Saude,  a taxa de feminicidios é de 4,8 por cada 100 mil mulheres, ocupando o país o quinto lugar a nível mundial.

Desde dia 28 de fevereiro Marielle era relatora da Comissão que acompanha a intervenção federal no Rio de Janeiro. Ela, junto a outras vozes, tinha denunciado essa intervençao por ser de fato um dispositivo de controle e repressão da população pobre e negra da cidade, usado pelo Presidente em vista das eleiçoes presidencias. A vereadora era sempre presente nas importantes manifestações das mulhers, que nos últimos anos ocuparam as praças do Brasil.

Sabemos que quem, como Marielle, foi sempre ao lado das mulheres nas favelas, se opunha às políticas de limpeza (termo usado para as detenções de massa e homicídios) por parte da polícia e à concepção das favelas como imensas regioes deixadas nas mãos do crime organizado. As favelas representam uma necessidade para o neoliberalismo. Marielle sempre esteva ao lado das mulheres, que são as mais atingidas pelas políticas de repressão, às quais são negadas as chances de sair da pobreza absoluta. A execução de  Marielle representa exatamente aquilo contra o que ela lutava: o extermínio da populaçao negra, pobre e sobretudo os /as moradores/as de favelas.

A maré feminista global abraça nesse momento as companheiras feministas brasileiras, tomando Marielle como exemplo de coragem e força, gritando forte “a nossa força vai enterrar vocês”.

Marielle é parte da maré feminista e nos vamos levá-la conosco em qualquer lugar e em todas nossas lutas, começando pela luta contra o silêncio e o esquecimento no  qual vão tentar fazer cair esse homicídio político.

Nenhum passo atrás. Nenhuma a menos.

Marielle Presente! Feminsimo é revolução

Non una di meno – Italia

Roma, 15 de março 2018.

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